
Sinto que sou como Mário Quintana se descreveu: "Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente me impede de ver as pessoas", seria um misto de sentir-se só querendo sentir-se. Talvez ficar só seja minha melhor qualidade e meu maior defeito. Verdade seja dita, o que me afasta realmente de todos talvez seja tão forte quanto a vontade de sair da toca. Ou talvez seja uma fase (longe por sinal). Eu não consigo ser diferente do que sou. Já fui diferente e isso não me trouxe benefício algum. Pelo contrário.
O que eu preciso entender é que se escolhi ser assim, não tenho o direito de reclamar, ou por a culpa em terceiros. Mas quem tem o que com isso? Se eu quero ser assim, talvez ser assim me faça bem. Me faça sentir especial por cada pessoa que a mim se dirige. E quem me conhece mesmo sabe o quanto o sou.
Não, não gosto de me fazer de vítima das circunstâncias. Já o fiz e nunca ajudou. O que preciso mesmo entender é que ser assim tem seu preço, tem seu peso. É o peso de ser uma árvore, precisa ficar em pé o dia inteiro, aguentando sol forte, chuva e frio e, ainda assim, fornecer oxigênio à humanidade, além de retirar parte do gás-carbônico dela. Já viu alguma árvore reclamando? Então, nobre Carlos, não reclame. Você se lembra quando te disseram certa vez que você era um diamante que só precisava ser lapidado? Sim, eu me lembro. Acontece que durante o processo, muito de diamante se perde em meio à terra, bobo de quem não sabe esperar.
Lembro-me bem de um certo dia, um casal de amigos, por sinal mais velhos que eu. Eles vieram até mim, a moça já veio chorando e o rapaz totalmente perdido. Não sabiam como proceder ante a um problema que poderia os separar definitivamente, tinham que enfrentar uma fofoca muito bem montada. Virei a ambos e disse: _Vocês têm culpa? Vocês mentiram? Vocês estão com medo de que? Encare os fatos, exponham a versão de vocês_. Eu poderia simplesmente dizer para inventarem outra história, ou simplesmente acusar quem tentou atrapalhar. Mas aprendi com a vida que a verdade é a melhor saída, bobo de quem acha o contrário. E eles foram lá, conversar com quem deveriam conversar. E voltaram chorando, fiquei com medo. Mas os dois choram de felicidade. Me abraçaram e disseram: _Nós te amamos demais!_ Agora, nobres colegas, me pergunte onde ambos estão? Até onde sei, casados e felizes. Porém, não os vejo há tanto tempo que nem sei mais nada a respeito deles. Servi aquela noite. Fiz minha parte. E não cobro nem cobraria nada pelo que fiz. Fora inúmeras outras pessoas que passaram pela minha vida que não vejo a tanto tempo. Sinto falta? Menos do que sentia.
Infelizmente eu sei que algumas pessoas somente passaram pela minha vida para me deixar uma simples lição. Umas desapareceram (a maioria delas). De outras, sinceramente, nem sinto falta. Mas ninguém sobrevive num mundo de pessoas se isolando delas. Hoje meu ciclo de amigos (colegas na verdade) se restringe apenas à faculdade, trabalho e do passado vez ou outra (muito raramente) alguém me procura. Calma, não estou reclamando. Primeiro porque eu também não procuro, então quem não procura não acha, já dizia o mestre.
Mas por que resolvi dizer tudo que disse hoje (li isso ontem, e quem me perguntou sabe). Talvez pois não quero ser um dramático, me lamentando por isso ou aquilo. Já me basta a cruz que carrego todos os dias. Não tem por quê torná-la ainda mais pesada.
Hoje acordei diferente. Na verdade ontem fui dormir diferente. Fiz algo diferente do que vinha fazendo. Tracei outra estratégia? Não. O choque de realidade deve vir na hora e na dose certa. E aproveitei o momento que tudo estava aparentemente bem e liguei a carga na voltagem ideal. O ruim é que em alguns casos, mesmo a voltagem correta pode danificar equipamentos. Mas quero ver no que vai dar. Não é jogo. Aliás, eu sempre detestei joguinhos. A verdade, por mais dolorosa e eletrizante que seja, não deve ser encarada com medo.
Até o sono que vinha geralmente cedo, veio tarde. Fui dormir as 2 e alguma coisa que não me recordo. E acordei sem sono novamente as 6:40. O que me deixa feliz é o que ouvi. Que as melhores cabeças dormem poucas horas por noite. Além disso terei a eternidade pra repousar (pelo menos é o que estará escrito na minha lápide, espero que não tão cedo).
E por que hoje? Por que resolvi escrever tudo isso pra mim hoje? É meu presente. Sim, meu aniversário. Estou ficando corôa. Então parabéns pra mim.
Att
Carlos Augusto
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