diHITT - Notícias Música & Café: Refletindo

Refletindo

Há momentos em que nossa vida parece estar totalmente equilibrada, mas tão equilibrada que basta um pequeno vento para ela se desestabilizar, basta um gesto, um olhar, uma palavra, até um simples talvez nos desespera (já dizia o grande Djavan). Mas será que quando nos desestabilizamos, nos desequilibramos também? Será que estamos mesmo equilibrados a ponto de perdermos a noção das coisas?

Eu penso de maneira que não há padrões, não há maneira de explicar nem de afirmar, nem talvez haja forma mais clara de não entender que cada pessoa tem uma maneira de encarar as situações. Eu até pouco tempo atras lamentava e hoje meu lamento não existe mais. Não sinto mais a dor que sentia, já cicatrizou, já passou. E hoje refletindo no espelho quebrado do meu carro (tenho que arrumar logo antes que leve uma multa), notei que os cabelos brancos, quase imperceptíveis, estão começando a brotar da minha cabeça. Eu já tenho cabelos brancos e tenho apenas 27 anos. 27 anos, mais que 1/4 de século e o que mais fiz na minha vida foi errar. Erros alguns imperdoáveis, alguns necessários, alguns corrigíveis, outros inotáveis. Eu sou quase inotável, há pessoas que passam por mim e nem me vêem (também você é pequeno). Ver, outra coisa que nos deixa confuso, pois as vezes vemos o que não queremos ver, outras vezes não vemos o que precisávamos ver. Ver o que há ao meu redor (principalmente dirigindo) é o que mais preciso fazer nesses últimos dias. Ontem mesmo (12/01) engavetaram-se 3 carros ao meu lado, e o da frente desceu xingando tantos nomes feios que aumentei o volume do som e o Dave Matthews cobriu a voz dele que olhou com uma cara de raiva e quase sobrou pra mim. Eu, tão simples, tão quieto, não bebo, não fumo, gosto de boa música, tenho vícios simples, alguns curiosos, mas a maioria deles simples, não sou dado ao luxo, não gosto de coisas fúteis, nem de perder tempo com falatórios inúteis. Inútil mesmo seria não ser o que sou.

Mas o que tenho feito eu nesse tempo todo para não me desequilibrar e não me perder em meus sonhos e projetos? Cometido o mesmo erro das outras vezes? Será que é tão fácil fechar o coração para o que está diante dos meus olhos? Ou é mais fácil fechar os olhos e deixar o coração falar? Prefiro a segunda opção.

Sou confuso? Talvez eu seja, talvez eu seja (meio maluco) normal, ou talvez se eu não for desse jeito não serei eu. Não consigo me entregar por metade. Não consigo ser insuficiente. Não consigo não ser do jeito que sou.

O medo as vezes bate lá dentro, medo de não estar sendo muito, ou de estar; medo de ser demais, ou de não ser. Medo de passar da conta, ou medo do cartão não passar. Medo de sentir medo. Medo de não ser o suficiente e medo de exigir demais. Medo de chorar e não conseguir enxugar as lágrimas, medo...

Um nó na garganta, uma falta de ar, uma dor no estômago. As unhas que já quase se acabam... Os olhos cheios de lágrimas. Antes as coisas não eram assim, era tudo simples, era tudo fácil, começar algo por começar, mas dessa vez eu sei que é diferente, eu sei que vou acertar, que vou fazer aquele golaço de falta, no ângulo aos 47:50 do segundo tempo. Mas vou dar tudo de mim, não vai ser como foi antes, nada mais é, pois o passado já ficou enterrado e nada vai fazê-lo tornar, nada vai fazê-lo reviver. Tudo será o que nunca foi, tudo será completo, pois assim o espelho me diz.

OS DEGRAUS

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana - Baú de Espantos

Sinto, Mario mas, vou descer...

Calma, não estou maluco, nem ficando, nem usando drogas. Estou apenas refletindo, pois é necessário, pois sinto que é chegada a hora e que minha vida está tomando um rumo o qual não terá mais volta, não dessa vez. Preciso refletir pois os dias da minha velha vida de indecisões está chegando ao fim. Calma leitor, não vou me suicidar. Pelo contrário, sinto que estou renascendo. Então melhor fazer uma análise do que eu era, pois não serei mais, serei agora quem me tornei e os espelhos dirão a mim se me tornei uma pessoa melhor.

Calma, estou apenas refletindo...


3 comentários:

81 disse...

Excelente meu caro amigo... É exatamente isto que estou fazendo pra refazer o baque do meu trauma. Cheguei à conclusão que não vou me recusar a demonstrar incondicionalmente apaixonado por outra pessoa novamente, mas sim, que não demonstrarei tal a quem não mereça - deverá ser recíproco. De tudo devemos saber tirar a experiência positiva. Precisamos sair da nossa zona de conforto e encara os "monstros" do andar de baixo. Parabéns pelo post!

Sempre querendo saber disse...

Eu sempre digo que sinto falta de qnd era criança,adolescente.
Aí como era bom não ter responsabilidades,medos.(a não ser o de ficar mais velha logo rs)
Hoje a vida é assim...agora ta tudo bem,tranquilo e... de repente BUM,uma bomba estoura nossa cabeça.Muda tudo,fica feio,escuro,sujo.
Aí credo,ta ficando estranho meu comentário(rs)
Mas é isso,entendi o que vc quis dizer e gostei.

Anônimo disse...

Conhece aquela música que tem uma frase +/- assim: "quanto mais eu mexo, mais afundo em mim!"?
Errar é isso: MEXER! E quando vc "se mexe" e aprende, é natural que o medo surja, pq vc acaba por conhecer akeles caminhos e saber quão tortuosos eles são. Vendo por este lado, o medo é algo natural. O que não pode acontecer, é esse medo "matar" vc. Matar as suas atitudes, seus valores, suas crenças.. enfim, matar quem vc é!
Confuso pra mim falar sobre desestabilidade de equilibrio, pq cada um tem sua particularidade sobre isso! Nunca achei ninguém que tivesse a mesma visão de equlíbrio que eu tenho!

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